quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

SANS LIMITES

Hey amigos e amigas segue agora um post sobre um verdadeira artista do século XX, a grandiosa Isadora Duncan. Este texto faz parte do meu projeto de pesquisa que fiz no semestre passado no curso de História na PUCRS.
Gostaria de deixar claro de que só foi possível concluir este projeto com a ajuda da Professora Elizabeth Torresini uma otima profissional que neste ano foi DEMITIDA, o motivo nao se sabe, mas provavelmente não foi por falta de competência profissional.

SANS LIMITES

Nascida em São Francisco no dia 26 de maio 1877,, aos dezesseis anos muda seu nome de Ângela para Isadora, que significa Dom de Ísis.
Comparava sua família com a família grega de Atreu, baseada acontecimentos trágicos que rodeavam seus parentes. Na primeira infância Isadora e seu pai, juntamente com seus irmãos ficaram presos dentro de casa durante um incêndio, mas felizmente ambos se salvaram. Esse acontecimento levou Isadora a considerar-se rodeada por chamas, o que ela dizia ser o símbolo de sua vida

Muito embora a Sra. Duncan não pudesse lhes dar bastante alimento físico, dava lhes bastante alimento espiritual.
Quando Isadora e seus irmãos ouviam sua mãe tocar Schubert e Beethoven esqueciam-se do frio e da fome. Isadora não teve brinquedos de criança pela sua condição financeira, ela por sua vez, ia ate a praia e lá dançava. Imitava o movimento do mar, sentia que suas roupas e sapatos eram como prisões de sua alma.
As idéias de Isadora sobre a libertação da mulher e na educação das crianças é parte fundamental na expressão de sua dança. Para ela a dança não é só a arte que exprime a alma humana através do movimento, mas o fundamento de uma concepção completa de vida. Dançava com seu corpo livre para o sol, para sentir a terra em seus pés. Sua vontade era libertar a arte da dança das distorções inaturais que são produtos do balé moderno e queria devolver lhe os movimentos naturais.
Criou um ódio visceral por tudo que caracterizasse o Balé clássico, já que este era completamente desprovido de naturalidade.
Dançar é o ritual religioso da beleza física, sendo assim, o nu é a coisa mais sublime da arte, portanto nunca deve ser vulgar; nunca pode ser imoral. O corpo da mulher foi em todos os séculos o símbolo da mais alta beleza, não havendo motivo, entretanto para ser escondido atrás de muitas roupas. “meu corpo é o templo de minha arte”. Muitas dançarinas acabam sendo vulgares por que escondem, não revelam.

A América é tão leviana. Falam levianamente de mim. Imitam a minha dança mas não a entendem. Prego liberdade de mente através da liberdade do corpo: mulheres, por exemplo- fora da prisão dos espartilhos numa túnica livre e flutuante como esta.

Se sua arte representava alguma coisa, era a liberdade da mulher e a sua emancipação. Em pleno começo do século XX, Isadora se opõe ao casamento, não se podem fazer planos de vida em regras de casamento. Para Isadora as mulheres deveriam esquecer “essa coisa horrenda” chamada de meia idade, as mulheres deveriam provar o poder da mente sobre a matéria.

Comecei a observar o rosto das senhoras casadas, amigas de minha mãe, e não houve um em que eu não achasse a marca do monstro de olhos verdes e os estigmas da escravidão. E fiz o voto de jamais me rebaixar a situação tão degradante, ainda que isso viesse me custar, com de fato veio, uma quebra de relações com minha mãe e a incompreensão do mundo.

Isadora sempre teve um repudio aos Estados Unidos. Ela dizia que o país não estava preparado para receber a sua arte. A América rejeitou seu sonho de construir um teatro onde ela poderia, gratuitamente, ensinar as criança, segundo ela tudo o que desejam é dinheiro em cima de toda e qualquer arte. Por isso Isadora manda uma carta para o governo russo: “Se me aceitarem nessas condições quero ir e trabalhar pelo futuro da Republica Russa e seus filhos”. Ele respondeu positivamente e na primavera de 1921, Isadora foi para a Moscou.
O espírito da Rússia é a única coisa saudável em toda a Europa. Só a Rússia olha para o futuro, a Rússia e a América, por isso esses dois países deveriam se entender. Na sua estada na Rússia, Isadora literalmente dançou a história da revolução. Declarou que os três anos que passou na Rússia valeram mais que a sua vida inteira, lá atingiu suas maiores realizações.
Os maiores serviços de Isadora à revolução foi o seu exemplo, seus ensinamentos. Essas foram as suas contribuições para a derrubada da velha sociedade e construção da nova sociedade. Isadora sempre foi ativista do movimento revolucionário, apesar de não participar em algum partido Isadora se dizia ativista. “sim, sou uma revolucionária. Todos os verdadeiros artistas são.”

A América me dá nojo!

A America me da nojo, positivamente me enjoa.
Essa America pobre, burra e ignorante, enoja e estou voltando a Rússia,
hoje em dia a nação mais esclarecida do mundo.
Vocês aqui alimentam seus filhos com pêssegos em lata e
arte enlatados, e espantam-se por eles não serem bonitos.
Vocês não os deixam crescer livres. Perseguem seus verdadeiros artistas.
Colocam-nos debaixo dos tacões de policiais gorduchos, como aqueles sentados
na plataforma no meu concerto em Indianópolis.
Vocês atordoam suas almas com o matrimônio. Importam toda a arte que
têm, e que não é muita.
E quando alguém lhes dize a verdade respondem“ estão loucos!”
Eu me oponho absolutamente, completamente, veemente a todo
o casamento é um adversa o pernicioso das pobres
pequenas vitimas do casamento: os filhos.
Se não fosse pela rotina monótona, árida,
miserável, desgraçada e impotente da Sra. Brown
com o rabugento e mal-humorado
Sr. Brown que a trai o tempo todo, os pobres e pequenos
Browns poderiam ter alguma chance na vida,
Por isso estou deixando a América.
Estou limpando de meus pés a poeira desses seus
Estados Unidos tacanhos, hipócritas e odiosos.
Jamais retornarei a esse país.

Sua dança propunha acima de tudo a harmonia entre o homem e a natureza. Inspirada por um paganismo dionisíaco e dramas pessoais fez da arte sua vida, a busca da beleza e liberdade. “Não sou uma dançarina, estou interessada em encontrar uma nova forma de vida”. Isadora dizia ter um lema de vida, este era: “Sans limites”

Isadora Duncan faleceu em 1927, de uma maneira trágica. Sua echarpe ficou presa nas rodas do seu carro conversível, ela foi estrangulada e arrastada por alguns quilômetros. Ironicamente ela não andava em carros fechados desde que seus filhos morreram.


“Adeus, amigos! Vou para a glória.” Disse Isadora antes de entrar no carro.
BIBLIOGRAFIA
DUNCAN, Isadora. ISADORA: Fragmentos Autobiográficos.Porto Alegre: LePM Editores, 1985.
PORTINARI, Maribel. História da dança. São Paulo: Nova Fronteira S/A,1989.
CHALLITA, Gabriel. Mulheres que mudaram o mundo. Rio de Janeiro: Cia. Nacional: 2004.
BOURCIER, Paul. História da dança no ocidente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
DUNCAN, Isadora. Minha vida. São Paulo: circulo do livro,--

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